Entre o corpo e o silêncio
Com você, o tempo parava.
Era como se o mundo lá fora não existisse.
Nos nossos encontros, não havia dúvida, não havia culpa, só entrega.
E no toque, tudo que você não dizia com palavras, seu corpo gritava.
O sexo com você era mais que desejo — era refúgio.
Era o lugar onde eu me sentia escolhida, mesmo que só por algumas horas.
E mesmo sabendo que depois viria o silêncio, eu mergulhava.
Porque ali, naquele instante, você era só meu.
Sem desculpas, sem desculpas.
Cada beijo seu carregava uma urgência,
como se o tempo fosse nos arrancar um do outro a qualquer segundo.
E talvez fosse mesmo.
Mas eu não pensava nisso enquanto sua pele encontrava a minha.
Seu toque era diferente —
como se conhecesse meu corpo melhor que eu mesma.
Você me lia com as mãos, com a boca, com os olhos fechados.
E eu deixava.
Deixava porque ali, naquele momento,
não existia mentira, nem segredo.
Só verdade. Só nós dois.
E agora, o que me resta é o eco do que fomos naquelas noites.
As lembranças do teu gosto, do teu peso sobre mim,
do teu jeito de me prender como se nunca fosse me soltar.
Mas soltou.
E mesmo assim, toda vez que fecho os olhos,
ainda consigo sentir você.
Não como quem volta…
mas como quem marcou.