Escorpiano
Escorpiano intenso, sempre misterioso, difícil de ler.
E eu, canceriana até a alma, com o peito aberto, pronta pra sentir tudo.
Era como fogo e mar se encontrando —
a gente se consumia em silêncio, no corpo, no desejo,
e se perdia nos desencontros do dia a dia.
O sexo com ele foi diferente de tudo.
Não era só prazer. Era necessidade.
Era como se meu corpo reconhecesse o dele desde antes,
como se ele soubesse exatamente onde me tocar,
como se tivesse estudado meus desejos nos meus olhos.
Ele me virava de bruços com firmeza, me puxava pra perto com sede,
e me fazia gozar com a boca, com os dedos, com o quadril batendo forte contra mim.
Me fazia esquecer que não era minha —
porque naquela cama, eu era inteira dele.
E ele, pelo menos ali, era só meu.
Mas depois… sempre vinha o frio.
O silêncio.
O “não posso”.
O “preciso de um tempo”.
Ele pedia espaço, desaparecia, mas continuava ali,
me seguindo, como se quisesse manter um fio invisível entre nós.
Eu respeitei tudo.
Nunca expus, nunca pressionei.
Mesmo sendo amante, fui fiel.
Mesmo sendo esquecida, fui presença.
Mesmo com medo, continuei amando.
A verdade é que ele nunca foi meu.
Mas eu fui dele .
Fui na esperança, no corpo, na alma.
Fui quando ele queria e quando ele sumia.
Fui, mesmo quando doía.
Se hoje escrevo isso, é porque preciso tirar de mim.
Porque carregar tanto amor sozinha é pesado.
E se ele me esqueceu…
eu ainda lembro de tudo.
Do cheiro, do gosto, do toque.
Do jeito como ele gemia no meu ouvido, me segurando forte,
como se não quisesse mais soltar.
Mas soltou.
E mesmo assim, ainda tem partes minhas que ele nunca vai devolver.
Fui a ilusão que ele gostava de viver às escondidas,
enquanto ele foi a verdade mais dolorosa que eu carreguei no peito.